domingo, 6 de janeiro de 2013

6 jan 2013

Parecia um palácio, mas a casa era pequena. Ficava numa rua de paralelepípedos que passava pelo topo de um morro, perto da praça de Santanésia. Porque Piraí é uma cidade pequena, no interior do Rio de Janeiro, mas Santanésia consegue a proeza de ser distrito de Piraí. Ou seja, cidade de primeira... Engatou a segunda, acabou a “cidade”.
Voltando: a casa em que eu morava era pequena. Apesar de eu só ter me dado conta disso 20 anos depois de ter saído de lá, onde passei boa parte da minha infância. A memória é uma coisa engraçada. Eu me lembro bem da entrada da casa, com direito a um pequeno jardim e varanda, da sala, do quarto dos meus pais, do meu quarto, que viria a dividir com minha irmã, da cozinha e de cada detalhe do quintal. Mas não me lembro do banheiro. Claro que a casa tinha um banheiro. Eu é que, pelo visto, durante aqueles 7 anos, tive coisas mais importantes para registrar na memória do que meus banhos e demais necessidades fisiológicas.
E é desse ambiente que vêm as minhas mais antigas memórias: meu ‘bom dia’ ao som da Xuxa, os incontáveis almoços no sofá, a lição de casa com ajuda do meu pai na mesa redonda da sala de jantar, minha irmã no colo dos meus pais, o pica-pau de estimação, a piscina de lona, a companhia da minha mãe... É de Santanésia também que trago a noção de amizade, mesmo não sabendo por onde anda hoje a maioria daqueles meninos, e foi lá que vivi a minha primeira paixão. Eu andava de bicicleta com ela e a gente brincava na rua, na piscina...
Eu vou fazer 30 anos. Confesso um certo pavor.

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